Porque estão a desaparecer as abelhas e os polinizadores? (Infografia)
Sabe o que são os polinizadores, qual o seu impacto na economia e porque estão a desaparecer.
Recentemente, os apicultores detetaram uma grande redução no número de colónias de abelhas, especialmente , como França, Bélgica, Espanha e Holanda. Contudo, muitos outros países no mundo, como os EUA, a Rússia e o Brasil, estão a experienciar o mesmo problema, o que significa que estamos perante uma crise global.
A ameaça da extinção dos polinizadores
Este tema tem atraído muita atenção, uma vez que as abelhas e outros insetos polinizadores são essenciais para os nossos ecossistemas e biodiversidade. Menos polinizadores é sinónimo de um declínio de várias espécies de plantas, que podem até desaparecer, por dependerem destes animais, direta ou indiretamente. Para além disto, a diminuição do número ou da diversidade das populações de polinizadores tem um impacto na segurança alimentar, com a queda do rendimento de algumas pastagens agrícolas.
Para lidar com este problema e complementar os esforços a nível nacional e da UE, a Comissão Europeia apresentou a primeira iniciativa a nível europeu nesta matéria - a “Ação da UE relativamente aos polinizadores”, em 2018, que dá particular atenção aos insetos polinizadores selvagens. A iniciativa pretende elucidar a população sobre o declínio destas espécies, travar as suas causas e sensibilizar para o assunto.
Durante uma votação sobre a nova Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030 realizada em junho de 2021, os eurodeputados pediram uma revisão urgente da . A iniciativa revista deve incluir um novo quadro de desempenho e acompanhamento dos polinizadores a nível europeu, com medidas robustas, objetivos e indicadores claramente definidos e calendarizados, incluindo indicadores de impacto e o necessário reforço das capacidades. Os eurodeputados concordaram também com os objetivos da Comissão de reduzir em 50% a utilização dos pesticidas químicos e mais perigosos.
Quem são os polinizadores?
Poucas plantas têm a capacidade de autopolinização; a grande maioria depende de animais, do vento ou de água para se reproduzir. Para além das abelhas e de outros insetos, um grande número de outros animais, desde morcegos, até pássaros e lagartos, que procuram o néctar das flores, até macacos, roedores ou esquilos, podem ser polinizadores. Com diminuição das populações de abelhas, os apicultores de várias regiões do mundo começaram a polinizar manualmente os seus pomares.
Abelhas na Europa
Na Europa, os polinizadores são, maioritariamente, abelhas e sirfídeos, mas também borboletas, traças, alguns besouros e vespas. A abelha ocidental doméstica é a espécie mais conhecida, e normalmente está associada à produção de mel através da apicultura. Mas a Europa tem cerca de 2 mil espécies selvagens. A ideia de que estes “polinizadores domesticados” contribuíam para grande parte da polinização foi recentemente desafiada por estudos recentes, que mostraram que, pelo contrário, as abelhas os polinizadores selvagens.
Porque estão a desaparecer os polinizadores?
Atualmente, não há dados científicos que consigam clarificar a questão, mas as evidências apontam para um claro declínio das populações de polinizadores devido, sobretudo, a atividades humanas.
As duas espécies mais estudadas são as abelhas e as borboletas e as investigações mostram está em risco de extinção na Europa. Os cientistas ainda não encontraram uma explicação para tal situação.
Os polinizadores são expostos a vários fatores que podem contribuir para este quadro. Entre as ameaças mais frequentes encontram-se as alterações na utilização dos solos, para a agricultura ou para a construção de edifícios, que resultam muitas vezes na perda ou degradação de habitats.
A agricultura intensiva torna as paisagens homogéneas e pode levar ao desaparecimento da flora, reduzir o número de alimentos ou os locais onde os pássaros podem fazer os seus ninhos. Os pesticidas e outros poluentes podem também afetar os polinizadores - diretamente (inseticidas e fungicidas) e indiretamente (herbicidas) - e, por esta razão, o Parlamento Europeu sublinhou a importância da sua redução como uma prioridade.
As espécies invasoras, como a vespa asiática, e algumas doenças são particularmente perigosas para as abelhas. As alterações climáticas, que estão a provocar o aumento das temperaturas e eventos meteorológicos extremos, também contribuem para esta problemática.
Impacto económico dos polinizadores
nos campos de colheita da UE dependem, pelo menos parcialmente, de insetos para a produção de sementes. A polinização feita pelos insetos ou outros animais também garante uma melhor qualidade de frutos, vegetais, nozes e sementes.
Estas plantas dependem, em grande parte, da polinização dos insetos:
- maçãs, laranjas, morangos, damascos, cerejas,...
- feijões, pepinos, abóboras,...
- ervas como manjericão, tomilho ou camomila
- tomate, pimentos e frutos cítricos também beneficiam de polinização.
De acordo com as estimativas, entre 5 e 8% do valor global de campos de cultivo depende diretamente da polinização por parte de animais.
Os polinizadores também contribuem diretamente para a produção de fármacos, biocombustíveis e materiais de construção.
15 mil milhões
Este é, aproximadamente, o valor total da produção agrícola da UE, que pode ser diretamente atribuída aos polinizadores