As relações da UE com a região do ʲíھ revestem aspetos políticos, económicos e em matéria de desenvolvimento. A UE é o segundo maior parceiro comercial da região do ʲíھ.
A ٰܲá e a Nova Zelândia são os parceiros da UE que partilham das mesmas ideias, enfrentando desafios geoestratégicos comuns e promovendo o multilateralismo e uma ordem mundial assente em regras. Em junho de 2018, foram lançadas negociações para um acordo de comércio livre (ACL) abrangente entre a UE e a ٰܲá e a décima quinta ronda de negociações teve lugar em abril de 2023. A UE assinou um ACL com a Nova Zelândia em julho de 2023.
A UE tem uma parceria na região com os 15 países insulares do ʲíھ (PIP) – que incide no desenvolvimento, nas pescas e nas alterações climáticas – e parcerias com os três países e territórios ultramarinos (PTU).
Base jurídica
- Título V (ação externa da UE) do Tratado da União Europeia (TUE),
- Títulos I a III e Título V (política comercial comum, cooperação para o desenvolvimento e ajuda humanitária acordos internacionais) do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE),
- Acordo-Quadro UE-ٰܲá,
- Acordo de Parceria sobre as Relações e a Cooperação UE-Nova Zelândia (APRC),
- Acordo de Parceria entre a União Europeia e os seus Estados-Membros, por um lado, e os membros da Organização dos Estados de Áڰ, Caraíbas e ʲíھ (OEACP), por outro ().
A UE e a região do ʲíھ
A UE e a região do ʲíھ mantêm relações de longa data, partilham valores e fortes laços económicos e comerciais. A UE desenvolveu parcerias na região com a ٰܲá, a Nova Zelândia, os 15 PIP e os três PTU.
A UE, a ٰܲá e a Nova Zelândia são parceiros com mentalidades similares e com valores e interesses comuns. A UE também desenvolveu relações estreitas entre os sectores público e privado com ambos os países numa vasta pletora de domínios, tais como as alterações climáticas e a redução dos riscos de catástrofe, o comércio mundial assente em regras, a segurança e o desenvolvimento, bem como a investigação tecnológica e os direitos humanos.
A relação da UE com as ilhas do ʲíھ tem sido tradicionalmente baseada na cooperação para o desenvolvimento no âmbito da parceria entre a UE e os membros do OEACP. Nos últimos anos, esta relação alargou-se a outros sectores, como o ambiente, a boa governação, a energia, as alterações climáticas, as pescas e os direitos humanos.
A. ٰܲá e Nova Zelândia
1. ٰܲá
A UE e a ٰܲá têm uma parceria de longa data, que remonta à década de 1960. A base da atual relação é o , que incide no diálogo político, em assuntos ligados à segurança, na cooperação internacional, na economia e no comércio, na justiça, na cultura e na educação, na energia e no ambiente. O acordo entrou em vigor emoutubro de2022.
A ٰܲá é um parceiro comercial importante para a UE. Em 2022, a UE era o , representando um montante total de 56,4 mil milhões de EUR. A ٰܲá é o 18.º parceiro comercial da UE e as principais categorias de exportação da UE são as máquinas e os produtos químicos. As principais exportações da ٰܲá para a UE são os minerais, as matérias em bruto e os objetos manufaturados.
Desde 2018, a UE e a ٰܲá estão a negociar um ACL abrangente que deverá facilitar os intercâmbios comerciais entre as duas partes. A décima quinta ronda de negociações teve lugar em abril de 2023, em Bruxelas, mas as partes não conseguiram chegar a acordo, nomeadamente sobre os produtos agrícolas. Em 31 de agosto de 2023, as negociações sobre comércio livre foram retomadas com uma teleconferência entre o ministro do Comércio da ٰܲá, Don Farrell, e o comissário da UE responsável pelo Comércio, Valdis Dombrovskis.
A mais recente e abordou: a guerra de agressão da ú contra a Ucrânia, a evolução das perspetivas estratégicas no Indo-ʲíھ, a promoção da democracia, do Estado de direito, dos direitos humanos e duma ordem multilateral assente em regras, as alterações climáticas, o ambiente e a biodiversidade, a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os direitos humanos e laborais, a energia, a transformação digital e outros pontos bilaterais.
2. Nova Zelândia
As relações entre a UE e a Nova Zelândia são atualmente regidas pelo (PARC), que foi assinado em outubro de 2016 e . Este acordo facilita um empenho bilateral mais eficaz, através do reforço do diálogo político e da intensificação da cooperação nos domínios económico e comercial, assim como num vasto leque de outros domínios, desde a inovação, a educação e a cultura à migração, passando pela luta contra o terrorismo, a criminalidade organizada, a cibercriminalidade e a cooperação judiciária. A primeira reunião do após a entrada em vigor do PARC teve lugar em fevereiro de 2023 e abordou a política externa – especialmente no contexto da agressão da ú contra a Ucrânia e da expansão da China –, a segurança, o comércio, a investigação e inovação, o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos e a justiça. Os dirigentes congratularam-se com a conclusão das negociações sobre o ACL, a associação da Nova Zelândia ao programa de investigação Horizonte Europa e a assinatura dum acordo de intercâmbio de dados pessoais. A Nova Zelândia e a UE acordaram em aprofundar a sua cooperação em matéria de alterações climáticas, nomeadamente através dum diálogo de alto nível sobre o clima e a agricultura, no âmbito do diálogo internacional estratégico sobre a agricultura.
A UE é o terceiro maior parceiro comercial da Nova Zelândia, a seguir à China e à ٰܲá. Em 2022, ascendeu a 9,1 mil milhões de EUR. As principais exportações da Nova Zelândia para a UE consistiram em produtos alimentares e matérias-primas, enquanto as principais exportações da UE para a Nova Zelândia foram máquinas e equipamento de transporte.
Após um processo de negociação em 12 rondas, iniciado em 2018, . O acordo visa criar oportunidades económicas e respeitar as normas climáticas e laborais. A Comissão do Comércio Internacional (INTA) aprovou o consentimento do Parlamento em outubro de 2023 e o plenário do Parlamento aprovou o acordo em 22denovembrode2023. Com 83% dos votos a favor, o ACL com a Nova Zelândia é o acordo comercial aprovado com a maioria mais ampla pelo Parlamento Europeu até à data, ultrapassando mesmo o Acordo de Parceria Económica UE-Japão, que obteve uma maioria de 71% dos votos em dezembro de 2018. Dado que o ACL UE-Nova Zelândia é um acordo «exclusivamente da UE», apenas exige ratificação a nível da UE e não está subordinado à ratificação por parte dos Estados-Membros a título individual. Em março de 2024, a Nova Zelândia tinha concluído todos os procedimentos necessários e o acordo entrou em vigor em 1 de maio de 2024. O ACL deverá aumentar as exportações totais da Nova Zelândia para a UE em 1,8mil milhões de NZD por ano.
A Nova Zelândia é também o primeiro país muito industrializado fora da Europa a ser associado ao programa de investigação e inovação Horizonte Europa. Em fevereiro de 2023, a rede europeia de empresas foi inaugurada em Wellington, tornando a Nova Zelândia o primeiro e, até à data, único país terceiro ou candidato a beneficiar duma rede europeia de empresas – uma iniciativa da UE de apoio às empresas inovadoras, nomeadamente pequenas e médias empresas (PME) que desenvolvem atividades de investigação, digitalização, questões relacionadas com o clima e ligação em rede.
B. Outros países do ʲíھ
Os 15 PIP[1] têm uma superfície combinada de 528000km² e fazem parte da OEACP. As relações da UE com os Estados Insulares independentes do ʲíھ centram-se na cooperação para o desenvolvimento, na governação dos oceanos e nas alterações climáticas.
A estratégia da UE respeitante aos PIP consta da comunicação conjunta de 2012 intitulada «» atualizada pela , de 2021. Na altura assentava no quadro do Acordo de Cotonou com os países OEACP. Em novembro de 2023, a UE e a OEACP assinaram oficialmente um novo . Os principais aspetos do novo acordo incluem a cooperação em matéria de comércio e investimento, o desenvolvimento e a regionalização. O acordo abrange um grande número de domínios, como o desenvolvimento e o crescimento sustentáveis, os direitos humanos, a paz e a segurança, com o objetivo de promover a integração regional. A aplicação provisória do Acordo teve início em 1 de janeiro de 2024. Ele serve de novo quadro jurídico e irá reger as relações políticas, económicas e de cooperação entre a UE e 78 membros da OEACP nos próximos 20anos.
O novo Acordo de Parceria assenta numa base comum, que estabelece os valores e princípios que reúnem ambas as partes. Além disso, introduz três protocolos regionais específicos para Áڰ, Caraíbas e ʲíھ, com o objetivo de promover a integração regional. Os protocolos regionais permitem a criação de estruturas autónomas que prosseguirão, de forma independente, as relações com a UE e as três regiões envolvidas. O acordo prevê também uma forte dimensão parlamentar, com uma Assembleia Parlamentar Paritária permanente, com um papel consultivo claro. Do mesmo modo, para refletir a forte dimensão regional do novo acordo, este inclui igualmente três assembleias parlamentares regionais, que funcionarão de forma autónoma e terão um papel consultivo claro. A posição do Parlamento foi expressa em três resoluções (4 de outubro de 2016, 14de junho de 2018 e 28de novembro de 2019) nas quais saudou a proposta da arquitetura global da cooperação entre os países OEACP e a UE e reiterou a importância da dimensão parlamentar da parceria. A UE-27 é o da região OEACP, com trocas comerciais no valor de 4 mil milhões de EUR em 2022. O acordo de parceria económica () UE-ʲíھ foi ratificado pelo Parlamento em janeiro de 2011 e pela Papua-Nova Guiné em maio de 2011. O Governo das Fiji começou a aplicar o acordo em julho de 2014. Samoa também aderiu ao acordo e começou a aplicá-lo em dezembro de 2018. As Ilhas Salomão também aderiram ao acordo e começaram a aplicá-lo em maio de 2020. Tonga declarou a sua intenção de aderir ao APE em 2018. As negociações estão ainda em curso.
A UE é o terceiro maior doador de ajuda ao desenvolvimento aos países OACPS, a seguir à ٰܲá e ao Japão. A ajuda ao desenvolvimento concedida pela UE ao ʲíھ no período de 2021-2027 ascende a cerca de 750milhões de EUR (incluindo os PTU).
O novo Instrumento de Vizinhança, Desenvolvimento e Cooperação Internacional (Europa Global) tornou-se o principal instrumento de financiamento para a cooperação e o desenvolvimento da UE com os países parceiros no âmbito do quadro financeiro plurianual (QFP) para 2021-2027. Entre outros instrumentos, integrou o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), que anteriormente estava fora do orçamento da UE. A integração do FED no orçamento da União reforça os poderes de controlo do Parlamento e contribui para reforçar a legitimidade pública e a visibilidade política da ajuda externa da UE.
Os PIP enfrentam desafios significativos relacionados com o desenvolvimento e o clima. No que se refere às alterações climáticas, a UE e os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento do ʲíھ apoiaram a celebração do Acordo de Paris na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP21), em 2015. A 23.ª sessão (COP23), que decorreu em Bona, Alemanha, de 6 a 17 de novembro de 2017, foi presidida pelas Fiji.
O Fórum das Ilhas do ʲíھ (FIP) – um agrupamento político de 18 membros – é um interlocutor da UE para o financiamento do desenvolvimento e as negociações comerciais. Este agrupamento inclui: a ٰܲá, as Ilhas Cook, os Estados Federados da Micronésia, Fiji, Quiribáti, Nauru, Nova Zelândia, Niuê, Palau, Papua-Nova Guiné, as Ilhas Marshall, Samoa, as Ilhas Salomão, Tonga, Tuvalu, Vanuatu, Nova Caledónia e Polinésia Francesa. A Nova Caledónia, a Polinésia Francesa e Wallis e Futuna constituem os três PTU da UE na região.
Papel do Parlamento Europeu
As relações do Parlamento com os parlamentos da ٰܲá e da Nova Zelândia remontam a 1979, ano em que foi criada a Delegação para as Relações com a ٰܲá e a Nova Zelândia (DANZ). Desde então, a DANZ participou em reuniões interparlamentares regulares com os parlamentos da ٰܲá e da Nova Zelândia para promover as relações com os dois países e debater questões de interesse comum, como a agricultura, a energia, o ambiente e as alterações climáticas, o desenvolvimento e a cooperação económica, a ciência e a tecnologia, o comércio, a promoção da segurança global e regional na região da Ásia-ʲíھ, a luta contra o terrorismo e os direitos humanos. A 42.ª – e mais recente – reunião interparlamentar UE-ٰܲá teve lugar em dezembro de 2022, em Bruxelas. Além disso, Bruxelas acolheu também a 27.ª reunião interparlamentar UE-Nova Zelândia, em fevereiro de 2023.
O Parlamento está representado nas suas relações com os outros países do ʲíھ pela Delegação à Assembleia Parlamentar Paritária OEACP-UE (DACP). A DACP junta-se ao seu homólogo OEACP na Assembleia (APP OEACP-UE), que é composta por igual número de representantes da UE e dos países OEACP. A principal tarefa da delegação consiste em preparar as reuniões da APP OEACP-UE, avaliar e acompanhar as atividades do Parlamento, organizar reuniões com personalidades de alto nível dos países OEACP e debater assuntos da atualidade relacionados com a aplicação do Acordo de Samoa. A 1.ª sessão da Assembleia Parlamentar Paritária OEACP-UE teve lugar em Luanda (Angola), em 21 de fevereiro de 2024, sob o tema: «Um novo impulso às relações entre a OEACP e a UE: rumo a uma parceria liderada pelas pessoas». À margem desta reunião, realizou-se a reunião constitutiva da Assembleia Parlamentar ʲíھ-UE.
Jonas Kraft / Anna Parfjonova