âԾ: eurodeputados apelam a medidas mais robustas e solidariedade

Num debate em plenário, os deputados juntaram-se à primeira-ministra Kaja Kallas para apelar a mais defesa da UE, menos dependência energética e mais solidariedade para com a âԾ.

Kaja Kallas e Roberta Metsola
A primeira-ministra estónia, Kaja Kallas, e a presidente do PE, Roberta Metsola, no debate em plenário © European Union 2022

No início do debate, a presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, afirmou: "Precisamos de reavaliar o papel da Europa neste novo mundo. Precisamos de aumentar o nosso investimento na defesa e em tecnologias inovadoras. Este é o momento de darmos passos decisivos para garantir a segurança de todos os europeus. É o momento de construir uma verdadeira União de Segurança e Defesa e de reduzir a nossa dependência do Kremlin.”

Na sequência da invasão da âԾ, e como primeira-ministra de um país que partilha uma fronteira de quase 300 quilómetros com a Rússia, Kaja Kallas apelou a uma maior defesa europeia e a uma menor dependência energética e salientou a importância da aliança da OTAN. A primeira-ministra estónia falou igualmente da importância do futuro da âԾ: "É do nosso interesse que a âԾ se torne mais estável, mais próspera e seja solidamente fundada no Estado de direito. (...) Mas não é apenas do nosso interesse dar à âԾ uma perspetiva de adesão, é também nosso dever moral concretizá-la. Não é apenas do nosso interesse dar à âԾ uma perspetiva de adesão, é também nosso dever moral fazê-lo. A âԾ não está a lutar pela âԾ, está a lutar pela Europa."

Dirigindo-se diretamente aos cidadãos russos, Kallas assegurou que a União Europeia (UE) não está a agir contra eles e que as medidas se destinam a isolar o presidente Putin e o seu governo: "Continuamos a esperar uma Rússia estável e democrática que respeite os seus vizinhos e seja governada por um Estado de direito."

O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell referiu que disse que entrámos numa nova era e que as consequências desta guerra influenciarão as políticas europeias durante os próximos anos e décadas: "Defender os nossos valores liberais não será possível a menos que haja um compromisso político e cidadãos dispostos a pagar um preço por isso. Tratar-se-ão de palavras sem sentido, a menos que estejamos dispostos a agir, a estar mais unidos, a ser mais coordenados e a pagar o preço inevitável que qualquer tipo de mudança estrutural poderá acarretar."

Arnaud Danjean (PPE, França) exortou os países da UE a agirem em uníssono: "A invasão russa da âԾ é o início de uma nova era e a Europa tem de tirar as conclusões necessárias. O que isso significa na prática? (...) Temos instrumentos à nossa disposição que só precisam de ser usados. O que nos faltou não são ferramentas e instrumentos. Não, o que nos faltou foi a vontade política e unânime, dos nossos Estados-Membros."

Nathalie Loiseau (Renew Europe, França) disse que a ação tomada até agora é insuficiente. "Vemos que isso não é suficiente. Precisamos fazer mais para defender o povo ucraniano e para nos defendermos. Precisamos usar menos petróleo e gás russo. Precisamos fornecer mais armas à âԾ. (...) Precisamos de nos proteger, fazendo esforços significativos para melhorar as nossas despesas com a defesa."

Os participantes no debate em plenário sobre a âԾ
Alguns dos oradores no debate © European Union 2022

Iratxe García Pérez (Espanha, S&D) frisou que "não deveremos sacrificar nunca mais os direitos humanos pelo gás" e sublinhou a necessidade de uma melhor infraestrutura energética. Referindo-se aos refugiados, afirmou que a UE precisa de um roteiro para corrigir os erros cometidos durante a crise dos refugiados de 2015: "Agora temos de chegar a acordo sobre uma distribuição justa dos refugiados e estabelecer um mecanismo adequado para o seu acolhimento. Esta é uma oportunidade para definir uma nova política de migração que se baseia, desta vez, na responsabilidade e na solidariedade."

Ska Keller (Verdes/ALE, Alemanha) afirmou que Putin está a travar uma guerra contra a Europa no seu conjunto; contra a democracia, o Estado de direito e as liberdades que são valores universais: "Enquanto União Europeia, enquanto União construída para a paz, temos de agir em prol da segurança europeia."

Anna Fotyga (ECR, Polónia) concordou, observando que os ucranianos estão a lutar numa guerra enquanto defendem o seu território, as suas famílias e civis inocentes contra crimes de guerra e crimes contra a humanidade: "A segurança futura do nosso continente, e provavelmente a segurança global, depende muito do resultado desta guerra. Temos de fazer o nosso melhor para o impedir."

Apelando a mais ajuda militar para a âԾ, Jaak Madison (ID, Estónia) referiu que "quanto mais cedo terminarmos a guerra na âԾ, mais cedo a Rússia regressará ao seu próprio território, mais cedo os refugiados [... ] poderão voltar às suas casas."

No entanto, Martin Schirdewan (A Esquerda, Alemanha) disse que o uso da força militar não é a solução para este conflito: "Se quisermos oferecer às nossas crianças um futuro pacífico, temos de tomar medidas concretas para desarmar e fortalecer as organizações internacionais; para pôr fim às armas de destruição maciça. E teremos que trabalhar numa arquitetura de segurança que se baseia no direito internacional e que permita que os conflitos sejam resolvidos pacificamente através da diplomacia".